Criado nos anos 60 pelo Dr. Paul Pimsleur, o Método Pimsleur é, ainda hoje, um dos métodos de aquisição de idiomas mais conhecidos e utilizados pelo mundo afora. Um dos usuários mais ilustres são o FBI e a Agência de Segurança Nacional americana.
Neste artigo, dedico a exposição do método, que é meu favorito no que diz respeito a iniciação de um novo idioma.
O Dr. Paul Pimsleur, criador do método, foi um dos mais importantes especialistas de linguística aplicada. Nascido na cidade de Nova York (EUA), obteve mestrado em Estatísticas Psicológicas na Universidade de Columbia e Ph.D na França. Foi professor de francês e de educação de línguas estrangeiras na Universidade da Califórnia (UCLA), Universidade Estadual de Ohio (OSU) e Universidade Estadual de Nova York na Albânia (SUNY). Foi membro fundador do Conselho de Ensino de Línguas Estrangeiras (ACTFL).
O foco de sua pesquisa foi em compreender como as crianças conseguem aprender o seu primeiro idioma, sem ter que entender sua estrutura formal. Ele desenvolveu uma forma de organizar os elementos de uma língua estrangeira, incorporá-los a várias frases cada vez mais elaboradas, de modo a favorecer a aquisição do novo idioma na consciência de um indivíduo adulto. Esta pesquisa culminou na elabaração do Método Pimsleur, também conhecido como Sistema Pimsleur de Aprendizagem de Línguas.
Após sua morte, o seu trabalho foi continuado por seu colega Charles Heinle até ser vendido para o grupo Simon & Schuster.
O curso Pimsleur é divido em módulos, cada um com 30 aulas em áudios de um pouco menos de 30 minutos. O recomendado é que se faça uma aula por dia todos os dias. Existe um pequeno material de leitura que é quase nada, na prática só se usa o áudio.
No início de cada aula, você ouvirá uma conversa de 1 minuto ou mais entre duas pessoas nativas na língua alvo. Depois, um locutor dará uma breve explicação do que foi falado e, aos poucos, amplia o vocabulário. Até terminar a aula, é proposto como exercício que você construa várias sentenças na língua alvo pelo uso do vocabulário já aprendido. Sempre dentro de um contexto de uma conversa do dia-a-dia.
Não se preocupe em ficar decorando o vocabulário, pois tudo será relembrado no meio das aulas. Os vocabulários reaparecem em intervalos que aumentam progressivamente. A ideia é relembrá-los no momento em que você está quase para esquecer. O calculo do intervá-lo foi engenhosamente elaborado com o uso do método SRS (Spaced Repetition System), que consiste é uma técnica de memorização em que se revisa o conteúdo estudado em intervalos progressivos.
Por exemplo, imagine que você aprendeu a palavra leite em inglês (milk). Após ter ouvido pela primeira vez, você deve ser relembrado em 30 seg., depois em 1 min., depois em 4 min., 9 min., 20 min., 1 hora, 5 horas, 1 dia, 3 dias, 7 dias, 15 dias, 1 mês, 2 meses, etc. E assim, nunca mais se esquecerá.
Portanto, é muito importante manter uma rotina diária para que os intervalos estabelecidos sejam respeitados, e não correr o risco de esquecer algo por não ter sido relembrado a tempo.
Engraçado que quando introduzido a uma nova palavra ou construção gramatical, as vezes vocês tem dificuldade de lembrar e usá-las, mas após algum tempo estará usando-as sem ter que pensar muito. Elas sairão naturalmente.
Outro detalhe importante, é que o locutor sempre lhe dá um pequeno tempo para você tentar dizer a frase solicitada. Logo após esse tempo, você ouvirá a resposta que você deveria ter dito, para que assim você compare se falou corretamente e se a pronúncia estava boa. Isto força você a desenvolver uma resposta rápida na sua nova língua, rápida o bastante para que você não demore muito para dar uma resposta no meio de uma conversa.
É recomendado que você passe para a próxima lição somente quando conseguir acertar pelo menos 80% das frases. Note que o curso tem que ser feito de forma ativa. Se você quer somente ouvir passivamente e torcer para que tudo fique na memória, é melhor desistir, pois assim não vai funcionar.
Para quem fala português, existe somente o primeiro módulo do curso de inglês que é o básico da língua. É o suficiente para aprender a cumprimentar, apresentar-se, pedir informações na rua, trocar dinheiro, lidar com assuntos básicos de viagem, ou seja, o básico de sobrevivência. Tudo isso em apenas um mês de estudos.
AVISO IMPORTANTE: Existe um curso muito vendido por aí chamado de Pimsleur: Rápido & Simples Inglês, ele consta SOMENTE as primeiras 8 lições das 30 do módulo 1.
Já para quem fala inglês, existem cursos para quase 50 idiomas. Os principais idiomas possuem 3 módulos, que no final vai permitir conhecer as principais estruturas da língua, saber expressar-se tanto formalmente quanto informalmente, terá um vocabulário de aproximadamente 500 palavras e, por fim, manejar a língua com relativa segurança.
Alguns idiomas tem um quarto curso chamado de Plus, que consiste em 10 aulas voltados para a área de editoração. Já usei e não recomendo.
Recentemente, para os idiomas espanhol, francês e italiano, foram criados os quartos módulos de 30 aulas que prometem aumentar o vocabulário de uma forma ainda mais acelerada. Eu nunca usei, então não sei se vale a pena.
Essa teoria é a base do método Pimsleur. O vocabulário aprendido é relembrado em intervalos cada vez mais espaçados. Os intervalos necessários foram cuidadosamente estudados pelo Dr. Pimsleur para conseguir atingir memória permanente.
A razão pela aprendizagem acelerada do método se deve a este princípio. O nosso cérebro tem a capacidade de ativamente processar a linguagem e antecipar uma resposta correta. No método Pimsleur, o aluno é sempre desafiado a responder primeiro e, após uma pausa, a resposta correta é apresentada. Isto aumenta a compreensão e conexões neurais no cérebro do aluno.
O curso Pimsleur procurar se limitar a ensinar vocabulário usado mais frequentemente na língua aprendida. Cada aula ensina um pouco de vocabulário de cada vez de forma que o cérebro tenha a capacidade de internalizar as informações apresentadas. Assim, formando uma base na língua para que o aluno possa ir juntando as peças de forma fácil e natural.
Todas as informações a serem aprendidas sempre são dadas dentro de contextos de conversação, que costumam ser situações do dia-a-dia de alguém que está de visita num país estrangeiro, um país que fala o idioma que está sendo estudado. Isto facilita a aprendizagem e retenção, permitindo ao seu cérebro integar automaticamente em outras palavras, naturalizar as entonações e pronúncias requeridas pelo idioma em contextos específicos, e passam a ser naturais para o aluno.
Eu usei o Pimsleur para aprender espanhol e depois francês.
No espanhol eu conseguia fazer facilmente duas aulas por dia, uma lição dirigindo para o trabalho e outra na volta. esta facilidade se deve ao fato de o espanhol ser muito próximo do português. Em dois meses eu consegui terminar os três módulos de espanhol.
No francês eu tive mais dificuldades, eu tinha que estudar cada lição duas ou três vezes até a me sentir confiante o bastante para passar para a próxima. Segue como funcionavam os meus ciclos de estudo para cada lição de francês:
Para completar os 3 módulos do Pimsleur Francês levei 4 meses e meio.
Após terminar os 3 módulos eu fiquei com muita confiança de usar a língua, já possuindo o básico para conseguir me comunicar e ser entendido. Claro que não dava ainda para entrar em conversas mais profundas de vocabulário avançado; mas nesta altura já conseguia perceber que a metade do percurso já tinha sido andado, e que a fluência na língua não era mais tão distante e impossível como antes parecia. Já podia iniciar cursos mais avançados
Dentro dos vários materiais existentes por aí no mercado, onde muitos entram e sai de moda, o Método Pimsleur é disparadamente o que mais se destaca e muitas vezes suas características são usadas como base para a criação de outros cursos.
Nas comunidades e fóruns de poliglotas há quem ama e quem odeia, mas não existe nenhum poliglota que nunca ouviu falar dele. Eu, particularmente, adoro e sempre vou continuar usando para qualquer língua que eu vá me aventurar a aprender.
Se você é alguém que pensa seriamente em começar uma língua com o pé direito, ter uma pronúncia muito próxima de um nativo e conseguir pensar na língua, não deixe de experimentar o Método Pimsleur.